segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

"Supernanny" - revisão do 1º episódio de uma perspectiva psicológica & comportamental

    Sendo licenciada em psicologia, resolvi não apenas reagir com pequenos textos nas redes sociais (facebook e google+), mas deixar a minha revisão do primeiro episódio aqui no blog, que anda a ficar menos poeirento e com menos teias de aranha ultimamente. 
    Não vou alargar-me em demasia, mas queria deixar alguns comentários. Primeiro que tudo os aspectos positivos da intervenção da psicóloga e mediadora familiar (a "supernanny"): as estratégias de recompensa e punição (leve) são boas estratégias já investigadas provenientes da vertente comportamental da psicologia. Discordo porém em alguns pontos do discurso da mesma - por exemplo - por exemplo que levar 1 ou 2 palmadas humilha a criança, pois, além de ser bastante subjectivo (exemplo ilustrativo neste link), pode não ser sequer aplicável ao caso da Margarida aqui exposto.
    Não me pareceu que foi isso que aconteceu quando a mãe lhe deu duas palmadinhas na mão - ela a seguir amainou com a birra e foi directamente para o colo da mãe. Ela tem razão no aspecto em que a palmada é uma solução temporária e a criança não interioriza regras, daí eu concordar com ela e achar que não é das melhores práticas, no entanto é extremamente difícil parar uma birra como a desta menina do 1º episódio, e por isso compreensível o seu uso. 
É de salientar ainda que o DSM-5 não considera abusivo o acto de dar palmada na mão ou no rabo (enfim, são sítios em que não magoe praticamente se for com pouca força), e que uma palmada na mão ou mesmo no rabiosque desde que se conservem as roupas para não correr o risco de humilhar/ envergonhar (especialmente se aplicadas pelo sexo oposto) e que não seja com força não é proibitivo, mas deve ser evitado ao máximo, sendo apenas usado para parar uma birra muito grande como último recurso e não por tudo e por nada, não fazendo disso um hábito. Devem ser ainda descobertas estratégias que sejam mais definitivas - que levem a uma interiorização, como as expostas neste primeiro episódio da série - baseadas no que nos diz a ciência comportamental. 
    Concordo que a mãe tem algumas falhas, que por vezes não sabe lidar com as situações de conflito, de desafio à autoridade geradas pela filha, no entanto é de salientar que o temperamento da própria criança é bastante difícil para alguém sem formação específica, e pela evidência anedótica que tenho observado penso que poucas mães estejam equipadas para lidar com ela.

P.S.: Provavelmente não continuarei a acompanhar a série. 

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