domingo, 21 de junho de 2015

O regresso: Como o cristianismo evangélico se relaciona com a falta de auto-estima?

Certo dia, ao ir a uma consulta no Hospital Particular do Algarve (Gambelas), deparei-me com o seguinte folheto de propaganda em cima de uma mesa do bar: «A decisão». Era nada mais nada menos que um folheto de propaganda cristão de uma associação interdenominacional de evangélicos. Para além da treta do costume de que nós somos pecadores que precisam de ser perdoados por Jesus, eles dizem: "Não procuramos mais a nossa própria honra, o sucesso, o ideal de sermos perfeitos ou o sentimento de inferioridade que orienta a nossa vida, antes podemos dizer como o apóstolo Paulo «Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. O seu amor enche o nosso coração.» Isto parece um apelo à defesa contra a falta de auto-estima e ao stress no que respeita às exigências que a vida nos faz e que fazemos a nós próprios. Porém, a associação em alguns (poucos) estudos entre o cristianismo evangélico e auto-estima não é significativa em jovens, mas é significativa em pessoas a partir dos 50 e mulheres e a relação é negativa. É de notar, entretanto, que estes estudos não são muito recentes, muitos deles sendo mesmo bem antigos. 
Pelo que eu leio, dá a ideia de que eles pregam que somos pecadores, que somos péssimos por nós próprios e que precisamos de perdão está a afectar a auto-estima das pessoas. E toda a promessa de redenção, serve como uma promessa de estratégia de "coping"... para um problema que eles ajudaram a criar. Isso está de acordo com a falta de uma relação sólida entre auto-estima e religião que se verifica em relação aos evangélicos (e até de um modo geral). No entanto, estas estratégias não parecem funcionar tão bem em mulheres, pois estas têm um papel menos importante na igreja em termos de hierarquia e em pessoas mais velhas. Isto talvez tenha a ver com sentimentos de culpa de coisas que se vão fazendo ao longo da vida que fazem perder a esperança de salvação/redenção/perdão desse tal deus. Viver com essa quase obsessão pelo "pecado humano" não é exactamente uma boa base para manter a auto-estima em casos desses. 

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Numa nota à parte, tenho a acrescentar uma chamada de atenção para o debate no facebook com o Francisco Tourinho sobre o papel de deus, do conceito de deus (cristão) e da igreja para ao começo, as fundações e o avanço da ciência.

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