quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ciência e religião: o que dizem as estatísticas (parte II)


Estudos mostram que entre 80 e 83% da população dos estados unidos em geral acreditava num deus pessoal (que faz milagres/atende orações) e que 57% eram a favor do dia nacional da oração em 2010.
Em contraste com a grande percentagem de crentes zombies no geral da população, apenas 40% dos cientistas acredita num deus pessoal. Isso significa que uma maioria de 60% dos cientistas não acredita num deus pessoal, ou seja, são ateus na prática. É uma grande discrepância e posso apontar uma razão para essa discrepância: os cientistas são os que mais contactam com a investigação em torno da origem e evolução da vida e da origem do universo/multiverso em que vivemos e desenvolvem muito mais o seu espírito crítico, o que é muito importante quando se trata de contestar a religião que predomina na sociedade em que se vive.  
As estatísticas voltam a mostrar-nos que nos meios mais esclarecidos em termos científicos, as pessoas tendem a descrer num deus pessoal. E isso é bom.

Referências:

- E.J. Larson and L. Witham, «Scientists are still keeping the faith», Nature 386 (3 April 1997), 435-436. (sobre este artigo: http://www.mat.univie.ac.at/~neum/sciandf/contrib/clari.txt)

- «Most Americans Believe in Higher Power, Poll Finds», Jacqueline L. Salmon, Washington Post, Tuesday, June 24, 2008; Page A02 (disponível aqui: http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/story/2008/06/23/ST2008062300818.html)


- «Poll: 83% say God answers prayers, 57% favor National Prayer Day». Cathy Lynn Grossman, USA TODAY, 5/4/2010 (disponível aqui: http://usatoday30.usatoday.com/news/religion/2010-05-05-prayer05_ST_N.htm)

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Antony Flew: do ateísmo ao deísmo (e não ao cristianismo)

Os cristãos em geral adoram mencionar Antony Flew como um “ateu famoso que agora acredita em deus” (agora, como quem diz entre 2004 e 2010, ano em que morreu com 87 anos). Esquecem-se normalmente de mencionar é que este filósofo não acreditava no deus do cristianismo ou de qualquer outra religião.
Antony flew era deísta. O deus em que ele acreditava não era o deus dos cristãos (nem sequer de qualquer outra religião).
Flew acreditava num deus que iniciou o universo e de algum modo programou o começo da vida na Terra (embora reconhecendo mais tarde que houve progresso na investigação sobre a origem natural da vida). Estas afirmações de Flew são também bastante conhecidas: "I'm quite happy to believe in an inoffensive inactive god.", "I'm thinking of a God very different from the God of the Christian and far and away from the God of Islam, because both are depicted as omnipotent Oriental despots, cosmic Saddam Husseins". Quando disse isto, Flew já não era ateu e já tinha escrito o livro onde se retratou e se afirmou como deísta (*). No mesmo período rejeitava as ideias de uma vida após a morte, de deus como a fonte do bem (ele afirmava explicitamente que deus criou "montes de" maldade), e da ressurreição de Jesus como fato histórico, embora tenha permitido um capítulo curto com argumentação a favor da ressurreição de Cristo no seu último livro.
Um deus que apenas criou o universo e deixou-se ficar quieto o resto do tempo nada tem a ver com o deus da Bíblia (ou de qualquer outro "livro sagrado" do tipo. É de notar ainda que um deísta como Antony Flew na prática é um ateu, pois não reza, não frequenta a igreja, não acredita na ressurreição nem na revelação de deus ao ser humano.
Outro caso semelhante é o de Peter Hitchens que, apesar de considerar o cristianismo importante em termos morais é agnóstico, embora mais disposto a acreditar em deus do que a não acreditar, mas continua a ser uma referência quando se trata de "ateus convertidos", embora não seja claramente um teísta convicto. Tenho a certeza de que há melhores exemplos. Talvez seja só porque é irmão do Christopher Hitchens e isso faz a história mais interessante. 

*Nota: o Título do livro em Inglês é “ There is a God” e está disponível uma tradução aqui: http://www.scribd.com/embeds/8741262/content?start_page=1

Referências:


- «My Pilgrimage from Atheism to Theism: an Exclusive Interview with Former British Atheist Professor Antony Flew Gary R. Habermas, Philosophia Christi Vol. 6, No. 2 (Winter 2004).» (disponível aqui: http://www.deism.com/antony_flew_Deism_interview.pdf) [no título a posição de Flew está mal representada – ele não era teísta]


- «How I found God and peace with my atheist brother: PETER HITCHENS traces his journey back to Christianity», 16 December 2011 
(disponível aqui: http://www.dailymail.co.uk/news/article-1255983/How-I-God-peace-atheist-brother-PETER-HITCHENS-traces-journey-Christianity.html)

Actualização: mais referências:

- No longer atheist, Flew stands by "Presumption of Atheism" DUNCAN CRARY - Humanist Network News, Dec. 22, 2004 (disponível aqui: http://www.americanhumanist.org/hnn/archives/?id=172&article=0) 

- Atheist Philosopher, 81, Now Believes in God, Richard N. Ostling. Associated Press, 10 December 2004. (disponível aqui: http://www.mail-archive.com/media-dakwah@yahoogroups.com/msg01064.html)

O legado de Ernst Haeckel

No texto que anteriormente abordou a questão dos embriões de Haeckel, eu referi que Haeckel se enganou e corrigiu o seu erro, não tendo cometido nenhuma fraude. Haeckel podia estar errado relativamente à hipótese da recapitulação, mas a verdade é que as semelhanças entre, por exemplo, os embriões dos vertebrados (existe um estádio filotípico conservado) apoiam a hipótese da sua ancestralidade comum, bem como as semelhanças entre os embriões em vários estádios de desenvolvimento e as formas ancestrais da espécie em questão (por exemplo, nos cavalos dedos extra estão presentes á semelhança dos seus antepassados), mas não existe uma recapitulação completa, apenas em algumas estruturas em particular, pelo que embora a expressão “ontogeny recapitulates phylogeny” na generalidade esteja errada, Haeckel acertou em parte.
Tanto Haeckel como Darwin propuseram uma origem química da vida e de facto é nessa direcção que os estudos da origem da vida têm sido desenvolvidos. Haeckel é também o responsável pela teoria colonial sobre a origem da multicelularidade – a qual ainda hoje é aceite como uma boa explicação, por um sistema de classificação que tem em conta as relações evolutivas entre os seres vivos e por conceitos como ecologia,  filo, filogenia e reino protista.
Ernst Haeckel escreveu o livro "Os Enigmas do Universo", no qual ele apresenta as suas opiniões científicas sobre o sistema de classificação e a sua hipótese sobre a origem da vida. Para além disto, expõe nessa obra a guerra entre a religião e a ciência, durante a qual o cristianismo se opôs ao avanço da ciência, facto que a maioria dos defensores dessa religião nega a pés juntos. Nesta obra, como disse o Corvo num comentário ao texto “As não-fraudes da evolução (Adenda)”, Haeckel «expõe de forma brilhante e clara a marcha triunfal do materialismo das ciências naturais». No começo do capítulo “Knowledge and Belief”, página 251 do livro (*) lê-se o seguinte: «A verdadeira revelação […] deve ser procurada apenas na natureza. A rica herança da verdade é derivada exclusivamente das experiências adquiridas no estudo da natureza e das conclusões racionais que foram alcançadas pela associação correcta das observações empíricas. Todo o Homem inteligente […] encontra esta verdadeira revelação na natureza através do seu estudo imparcial e assim liberta-se da superstição com a qual as “revelações” da religião o sobrecarregaram»  

Agradecimentos:



Perguntas sobre evolução

À medida que vou tendo conversas na internet, vão-me sendo feitas perguntas a respeito dos tópicos de genética e evolução, entre outros. As últimas que me fizeram foram estas*:

1.) P. «Se os seres humanos e os chimpanzés fossem realmente diferentes em apenas 1% a nível genético, porque razão isso havia de demonstrar uma ascendência comum? Poderíamos razoavelmente perguntar ao evolucionista porque razão uma diferença de 1% é considerada evidência poderosa para a evolução darwinista, e a que ponto é que a comparação deixaria de apoiar a evolução darwinista? Que tal uma diferença de 2%? 3%? 5%? 10%? Existe aqui alguma métrica objetiva de falseabilidade (sic)?» 
R. Isto não foi uma pergunta foi um batalhão delas. A semelhança genética é um bom indicador de parentesco e tal como era de esperar numa perspectiva evolutiva, a semelhança entre estas duas espécies em geral é maior do que entre o humano e a baleia, por exemplo, apresentamndo grande percentagem de homologia relativamente ao genoma. Acho que isto responde às perguntas, pois descreve (ainda que de modo simplista) o modo como se pensa na biologia evolutiva.

2.) P. «É totalmente natural e lógico que se todas as coisas foram criadas por um Design (sic), elas terão semelhanças e terão os mesmos padrões, qual o problema com isso?»  
R. A esta pergunta eu respondi com outra pergunta, que nunca foi respondida: “Está a insinuar que o seu designer misterioso imita processos naturais e padrões de semelhanças e diferenças resultantes da evolução?”. Agora, sobre hipóteses como essa, ou seja não testáveis, os leitores deste blog (e do anterior) já sabem o que acontece. O lugar do lixo é no lixo.  

O criacionista que me perguntou isto foi o autor da grande confusão sobre o genoma humano que eu penso que consegui desfazer - nada mais, nada menos do que o Francisco Tourinho que agora diz que não nega a evolução mas que acha que estruturas/sistemas irredutivelmente complexos foram obra do seu deus. Santa ignorância.  



domingo, 27 de outubro de 2013

As não-fraudes da evolução (Adenda)

Este texto é uma adenda ao texto que escrevi há umas semanas sobre várias acusações de fraude feitas pelos fundamentalistas religiosos relativos a evidências relativas á história evolutiva de várias espécies incluindo a espécie humana. O texto pode ser encontrado aqui: http://allthatmattersmaddy32b.blogspot.com/2013/10/as-nao-fraudes-da-evolucao.html

Relativamente ao primeiro tópico, os desenhos de Haeckel, eu escrevi o seguinte:

«Haeckel exagerou na representação de algumas das semelhanças presentes em vários embriões que foram comparados por ele num dos seus livros. Mas as semelhanças estavam lá, apenas foram um pouco retocadas nos desenhos do Haeckel. E não em todos nem sequer na maioria. Isso não é fraude. Se eu fizer um desenho daquilo que observo, por exemplo, ao microscópio nunca vais ser igualzinho ao que lá está. Nem se pode dizer que tenha sido feito de propósito para convencer os seus pares de que estes eram parecidos do que na realidade eram, pois os seus outros desenhos que não estavam exagerados já tinham sido vistos pelos seus pares e não seria provável que conseguisse enganar alguém dessa maneira. Mais uma vez, não é uma fraude, é apenas uma representação pouco precisa da realidade que teve muito pouco impacto no consenso científico.» Agora quero fazer uma actualização: para fazer o desenho dos embriões de várias espécies distintas no qual este retocou e exagerou nas semelhanças (que de facto eram muitas) no início do desenvolvimento, Haeckel usou a mesma xilogravura 3 vezes para representar 3 embriões diferentes - o do cão, o da tartaruga e o da galinha. É daí que provém o exagero nas semelhanças entre os embriões. Isto foi claramente um erro e não uma fraude. Quando foi chamado á atenção, Haeckel corrigiu o desenho imediatamente, o que apoia ainda mais a ideia de que Haeckel não cometeu nenhuma fraude. E não vale de nada espancar-lhe os ossos.


Ref.:


Richards, R. J. 2009. Haeckel’s embryos: Fraud not proven. Biology and Philosophy 24:147-154. (http://philpapers.org/rec/RICHEF) (Via “Why evolution is true”) 

domingo, 20 de outubro de 2013

Quando os criacionistas fazem previsões… ganha a evolução

Bem-vindos ao planeta da IDiotice:

Quando os criacionistas fazem previsões saem asneiras como estas:

  1. Serão encontradas estruturas que contêm muitas partes com padrões intrincados que possuem uma função específica (ex. CSI). – Apesar dos criacionistas afirmarem o contrário desde o início, os cientistas sabem que tudo isso é compatível com a evolução (e já agora é muito bem explicado pelos modelos evolutivos que têm sido propostos), pelo que não se podem diferenciar só por aí as duas hipóteses – só com uma análise das estruturas é que se pode ficar a saber alguma coisa sobre a sua origem e isso foi feito e deu bons resultados para o lado da evolução, uma vez que essa análise das estruturas que têm sido propostas demonstra que estas evoluíram através de uma série de mutações descritas pelos cientistas para cada caso estudado, com uma série de etapas identificadas que conferiam vantagem selectiva – tudo por processos naturais. (Alguns casos podem ser encontrados no meu velho blog: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/.)      

  1.  A convergência seria rotina. Genes e outras partes funcionais serão reutilizados em organismos diferentes e não-relacionados.– A convergência é compatível com a evolução – não dá para distinguir da evolução convergente. Além disso a convergência molecular não é muito frequente (não é rotina).

É triste. Continuando:

  1. Formas de vida com nova informação [novas estruturas] vão aparecer no registo fóssil repentinamente e sem precursores semelhantes. – Esta pelo menos pode ser testada: novas formas de vida foram evoluindo gradualmente e com várias formas intermediárias, como nos mostra o registo fóssil (a radiação do câmbrico é um exemplo e a evolução das aves é outro).

  1. Aquilo a que se chama “DNA lixo” desempenha afinal funções importantes. - O DNA lixo continua a ser lixo e traduz-se numa maioria do genoma humano e de outros genomas.


 Ref.:


- Evoluton News & Views - «A Response to Questions from a Biology Teacher: How Do We Test Intelligent Design?», Casey Luskin (via Sandwalk)

1% de diferença e confusão sobre o genoma humano (parte II)

Desde que o projecto genoma humano foi concluído e o genoma do chimpanzé sequenciado, os cientistas têm apontado que o genoma humano e o do chimpanzé são muito semelhantes (inicialmente pensava-se que era de 99 a 98%), de um modo geral mais semelhantes do que o genoma humano é ao de outros primatas.
Um artigo de 2005 aponta para que ao todo os genomas fossem 96% de semelhança, com 99% de semelhança de aminoácidos (1).
Um artigo recente mostra, de acordo com o site da Universidade de Pompeu Fabra (Barcelona), que as diferenças entre o genoma humano e o do chimpanzé podem ser até dez vezes mais do que se julgava (2). No artigo citado isso não está escrito em lado nenhum (3). Mas mesmo que isso seja verdade não me parece que a diferença seja assim tanta - no mínimo a semelhança seria de 87%, que continua a ser muito (em nada parecido com o valor de 70 a 75% que os criacionistas têm apregoado) e isso não incomoda nenhum cientista “evolucionista”, porque não põe em causa que partilhamos um ancestral comum com os chimpanzés, antes pelo contrário. Além disso, basta fazer um pouco de pesquisa para descobrir que o valor da percentagem (no limite superior) que actualmente é referido na literatura científica é o tal de 96% que eu mencionei no segundo parágrafo (4). *
A ideia de escrever sobre este assunto proveio de uma conversa (se é que se pode chamar assim) com um criacionista que citou uma série de artigos dos quais não percebeu (ou não quis perceber nada) – o Francisco “Dá À Sola” Tourinho que voltou á carga com a questão as semelhanças e diferenças entre humanos e chimpanzés. Entre outras amostras de estupidez, como afirmar que o genoma do rato é 90% semelhante ao do humano, enquanto que o artigo que citou (5) nada revelava sobre a semelhança sequencial geral entre os dois genomas, o dito criacionista afirmou que a semelhança genómica entre humanos e chimpanzés era de 70 a 75% com base em algo que um criacionista inventou e escreveu para propaganda religiosa (Wells J. The Myth of Junk DNA. Seattle, WA: Discovery Institute Press; 2011.) e que outro criacionista repetiu num artigo nada imparcial que recebeu críticas negativas de vários cientistas, apontando que essa afirmação não está de acordo com os dados (6). Esta “conversa” foi mais “eu a dar uma aula de genética ao criacionista”. (7)

Actualização:


Para terminar: mesmo que a semelhança seja de 76, 75 ou 73%, significa que somos relacionados: semelhança genética normalmente implica relação de parentesco (ainda que possam ocorrer raros casos de evolução convergente ou semelhança aleatória, mas nunca tão extensos). Apenas divergimos mais do que se pensava. E é preciso não esquecer os retrovírus endógenos que partilhamos. Mas se por exemplo, um rato fosse mais parecido geneticamente com um humano do que com um chimpanzé (no total) aí já teríamos um problema – só que não temos. Além disso, o registo fóssil continua a apoiar a ancestralidade comum entre humanos e chimpanzés e nem o Michael Behe nega isso.


* Nota: Este artigo foi mencionado pelo criacionista e este nem sequer notou (ou não quis notar)

Referências:

1. Comparing the human and chimpanzee genomes: Searching for needles in a haystack, Ajit Varki and Tasha K. Altheide, Genome Res. 2005 15: 1746-1758 ( disponível aqui: http://genome.cshlp.org/content/15/12/1746.full.pdf+html)

2. The differences between the genomes of humans and chimpanzees are bigger than previously thought, 19/02/2009. (disponível aqui: http://www.upf.edu/enoticies/en/0809/0209.html)

3. Tomàs Marquès-Bonet; Jeffrey M. Kidd; Mario Ventura; Tina A. Graves; Ze Cheng; LaDeana W. Hillier; Zhaoshi Jiang; Carl Baker; Ray Malfavon-Borja; Lucinda A. Fulton; Can Alkan; Gozde Aksay; Santhosh Girirajan; Priscillia Siswara; Lin Chen; Maria Francesca Cardone; Arcadi Navarro; Elaine R. Mardis; Richard K. Wilson; Evan E. Eichler. "A burst of segmental duplications in the genome of the African great ape ancestor", Nature (12 February 2009). (disponível aqui: http://sansan.phy.ncu.edu.tw/~hclee/SB_course/1003/jour/readinglist/A%20burst%20of%20segmental%20duplications%20in%20the%20genome.pdf)

4. Human brain evolution: From gene discovery to phenotype discovery, Todd M. Preuss, 20, 2012, doi:10.1073/pnas.1201894109 PNAS June 26, 2012 vol. 109 no. Supplement 1 10709-10716 (disponível aqui: http://www.pnas.org/content/109/Supplement_1/10709.full.pdf+html)

5. Initial sequencing and comparative analysis of the mouse genome, Mouse Genome Sequencing Consortium, Nature. 2002 Dec 5;420(6915):520-62. (disponível: http://medgen.unige.ch/Chromosome%2021%20Atlas/mouse_genome_nature.pdf)

6. Dissecting Darwinism, Joseph A. Kuhn, Proc (Bayl Univ Med Cent). 2012 January; 25(1): 41–47. (disponível aqui: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3246854/#B26)



7. "99% de Semelhança? O que os estudos mais recentes dizem sobre o assunto." (caixa de comentários) (disponível aqui: http://www.blogger.com/comment.g?blogID=6103548286498383937&postID=5529209185578618928

sábado, 19 de outubro de 2013

Rótulos: deixem as crianças crescer e escolher por elas próprias

Uma pessoa adulta escolhe uma religião de acordo com as suas crenças, provenientes da sua avaliação das várias hipóteses que lhe são apresentadas relativamente ao que os rodeia. Uma criança não tem capacidade de avaliar essas hipóteses. As pessoas adultas podem escolher a hipótese da ressurreição de Jesus, podem acreditar em deus, etc. Isto tudo são exemplos de avaliações incorrectas das hipóteses propostas, mas não indica necessariamente um limite devido ao seu estádio de desenvolvimento intelectual, como no caso das crianças, que torna improvável que uma criança faça uma avaliação correcta das hipóteses que lhe são apresentadas, devido ao facto das crianças terem dificuldade em entender e assimilar certos conceitos, como a selecção natural, as mutações e até mesmo a ressurreição e esse tipo de coisas. Até mesmo o conceito de “fé” ou “evidência” pode ser difícil para uma criança. É claro que á medida que a idade vai avançando uma criança vai começando a superar esse tipo de dificuldades a aprender conceitos-base como “evidência histórica”, “fé” (crença sem evidências), etc. Uma criança entre os 11 e os 12 anos está mais ou menos pronta para começar a analisar certas opções, como “acreditar porque a, b ou c confirmam a hipótese” ou “não acreditar porque a, b ou c não confirmam a hipótese”. Por exemplo, com essa idade eu escolhi a hipótese “deus não ouve orações” porque “ninguém respondia nem fazia nada”. Escolhi o “lado” do meu professor de história relativamente á ressurreição de Jesus (“ninguém ressuscitou”) e não o da minha melhor amiga porque ela não tinha evidências disso, sendo algo em que as pessoas acreditavam por fé.

É com a capacidade de apreender certos conceitos que uma criança vai começando a pensar por si própria e a acreditar ou não em certas coisas. Portanto deixem as crianças crescer para poderem escolher a sua religião ou não escolher nenhuma. Não lhes atribuam rótulos que não fazem sentido. 



Ref.:

- Hey, preacher – leave those kids alone, Ariane Sherine, 18 November 2009 – The Guardian (disponível aqui: http://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/nov/18/atheist-bus-campaign) (Imagem)

Fósseis de bactérias com mais de 3,4 mil milhões de anos

Uma equipe de cientistas da Austrália e do Reino Unido divulgou em 2011, um estudo que revela a descoberta do que pode ser a forma de vida mais antiga da Terra. Segundo o artigo, publicado na revista Nature Geoscience, fósseis microscópicos com mais de 3,4 mil milhões de anos de antiguidade foram encontrado no noroeste da Austrália.
A pesquisa, realizada em conjunto entre a Universidade da Austrália Ocidental e a Universidade de Oxford (Reino Unido), foi realizada na região de Strelley Pool, Pilbara.
Estes fósseis, descobertos em bom estado de conservação numa rocha sedimentar, pertencem a bactérias que precisam de compostos á base de enxofre para subsistir, como afirmou David Wacey, da Universidade da Austrália Ocidental, em declarações ao “Sydney Morning Herald”.
Os investigadores demonstraram que estes microrganismos sobreviveram graças a compostos á base de enxofre neste período da Terra em que o oxigénio era pouco e predominavam as altas temperaturas. "A hipótese de sobreviver à base de sulfureto era uma característica que se pensava que existisse num dos primeiros períodos da Terra, especificamente durante a transição de um mundo não-biológico para um biológico", acrescentou o cientista.
O professor da Universidade de Oxford Martin Brasier expressou que a descoberta dos fósseis confirma que há 3,4 bilhões de anos existiam bactérias na Terra. "Podemos estar muito certos da antiguidade (dos fósseis) porque as rochas formaram-se entre duas sucessões vulcânicas, que diminuem o intervalo no cálculo da idade” explicou Brasier. O investigador britânico também destacou que bactérias semelhantes são "comuns hoje em dia" e são encontradas em fontes de águas termais ou outros lugares com pouco oxigénio.

Referências:

-          Oldest Fossils On Earth Discovered, Aug. 22, 2011  – Science Daily (disponível aqui: http://www.sciencedaily.com/releases/2011/08/110821205241.htm)

-          New Pilbara find fuels debate on earliest life, Deborah Smith, August 22, 2011 – Sydney Morning Herald (disponível aqui: http://www.smh.com.au/technology/sci-tech/new-pilbara-find-fuels-debate-on-earliest-life-20110822-1j5qv.html)


-          Microfossils of sulphur-metabolizing cells in 3.4-billion-year-old rocks of Western Australia, David Wacey, Matt R. Kilburn, Martin Saunders, John Cliff, Martin D. Brasier - Nature Geoscience, 2011; DOI: 10.1038/ngeo1238 (resumo disponível aqui: http://www.nature.com/ngeo/journal/v4/n10/full/ngeo1238.html

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Previsões da Teoria da Evolução vs (não-) previsões do criacionismo (Adenda)

Os criacionistas do D.I. normalmente alegam que os seus argumentos não são apenas negativos (c.). Isto é verdade até certo ponto, pois estes alegam que a complexidade especificada (ou CSI) e a complexidade irredutível são indícios de acção inteligente, procurando deste modo apresentar um argumento positivo para a hipótese deles (se encontrarmos X, então Y), mas para fazerem essa afirmação de que CSI e sistemas irredutivelmente complexos são indícios de design, já tiveram que passar pela fase em que afirmam que a evolução não pode ser responsável por isso nem quaisquer processos naturais conhecidos, sendo estas características exemplificadas por produtos da acção humana – daí CSI e complexidade irredutivel serem bons indicadores de design inteligente. Deste modo os argumentos dos criacionistas do design inteligente dependem de uma negativa.
O pior (para os criacionistas) é que os sistemas e estruturas propostos por estes já foram estudados (como eu já referi anteriormente) e de facto evoluíram - apresentavam evidências claras de um sistema que evoluiu por mutações aleatórias e selecção natural. e é bom relembrar que o William Dembski não fez o teste que ele próprio propôs relativo às probabilidades de uma certa adaptação evoluir pelos processos conhecidos (tentou fazer isso com o flagelo bacteriano, mas foi mal sucedido).


Notas:

c. – também pode ser conferido no Evolution News and Views (aqui: http://www.evolutionnews.org/2013/08/what_is_the_the075281.html

domingo, 13 de outubro de 2013

(Des)complicando a ciência (parte II)

Semelhanças e diferenças: sequência vs função vs morfologia

Como já tenho dito anteriormente, não é obrigatória a mesma sequência (genética ou de aminoácidos numa proteína) para que uma função semelhante seja desempenhada. Algumas pessoas podem ver isto desta maneira: quando têm a mesma sequência e a mesma função, isso é produto da evolução, mas quando o contrário acontece, também é produto da evolução. Assim, a teoria acomoda dois cenários mutuamente exclusivos.
Uma explicação muito simples é que não são mutuamente exclusivos e não há nada de errado relativamente á teoria da evolução: esta não prevê nem um nem outro na generalidade, mas nenhum entra em choque com a teoria, sendo que o facto de não ser necessária a semelhança sequencial para funções semelhantes é favorável ao uso da evidência molecular como apoio.
Muitos críticos religiosos da teoria da evolução têm afirmado que no que respeita á morfologia, ao nível genético as semelhanças morfológicas não seguem - genes idênticos codificam estruturas distintas, e estruturas idênticas são codificadas por genes distintos. Mesmo se isso corresponder á realidade, não têm que seguir. A parte molecular pode ser preservada semelhante, mas mudarem as estruturas e os genes sofrem mutações, portanto é normal que passem a originar estruturas diferentes ao longo do tempo. 

Padrão genealógico e fósseis de transição

A teoria da evolução é evidenciada pelo padrão genealógico total incluindo os fósseis, dos quais se destacam os fosseis de transição. Mas os criacionistas usam e abusam de apresentar citações fora do contexto (“quote mining”) e depois enganam os crédulos e um exemplo disso é espalharem pelo mundo fora (através da internet) que o Dr. Colin Patterson do Museu Britânico afirmou que não existem fósseis de transição. Isso é uma mentira que os criacionistas andam a espalhar desde os anos 80. Os fósseis aos quais se referia o Dr. Patterson eram os ancestrais directos e não os fósseis de transição (1).
Para mim foi difícil de acreditar quando li a data em que expressão que os criacionistas costumam citar foi redigida (numa carta), pois actualmente esta ainda é usada pelos criacionistas e originalmente foi escrita em Abril de 1979 e depois começou a “circular”, sobretudo através de uma compilação de citações fora do contexto redigida por criacionistas que foi publicada nos anos 80 e mais tarde em 1990.


Referências:

  1. «Patterson Misquoted», Lionel Theunissen, 1997 (disponível aqui: http://www.talkorigins.org/faqs/patterson.html) *

 *Nota: Pode ser visualizada uma digitalização da carta original do Dr. Colin Patterson, assinada pelo mesmo, a clarificar o ocorrido através do endereço da referência. 

sábado, 12 de outubro de 2013

Previsões da Teoria da Evolução vs (não-) previsões do criacionismo

Os cientistas estudaram as origens de certas estruturas biológicas (incluindo as propostas pelos criacionistas do D.I.) e descobriram que estas evoluíram via mutações e selecção. Não foram encontradas quaisquer evidências de design inteligente quando os cientistas aprofundaram o assunto, mas sim as marcas de um processo evolutivo cheio de duplicações genéticas e intra-genéticas (por exemplo, no caso da ATPSintase (1, 2)), exaptação e mutações pontuais que ocorreram aleatoriamente, em tudo semelhantes às que se vêem ocorrer actualmente (inclusivamente em laboratório).  Michael Behe por exemplo, propôs que um deus/designer tem que ter feito certos conjuntos de mutações que na sua opinião não podiam ter ocorrido naturalmente, isto é, esse deus é estritamente necessário para explicar as observações. No entanto os cientistas refutaram isso recorrendo à teoria neutra.
Pensando um pouco, pode-se perceber que a hipótese do design inteligente não explica nada (como já referi anteriormente). Não explica o padrão de semelhanças e diferenças que vemos nos seres vivos nem entre os genes dentro do mesmo ser vivo, nem sequer explica como o designer concebeu as estruturas em questão. Por outro lado a teoria da evolução explica isso tudo (menos a parte do designer, porque este não entra em cena) e faz previsões acerca do assunto. Por exemplo, a evolução só "trabalha" com o que lá está, pelo que era de prever que muitas das proteínas fossem semelhantes entre si, incluindo proteínas derivadas do mesmo genoma (com os genes também semelhantes). Os criacionistas do design inteligente deviam ter pelo menos tentado propor uma previsão (que permita fazer uma distinção) relativamente a isso para ser testada. A única previsão séria da qual eu tenho conhecimento é que a maioria do genoma humano seria funcional (benéfico para o sucesso reprodutivo do organismo). E essa também não se aguentou. Só o facto de tolerarmos a enorme carga de mutações que ocorre de geração para geração é uma evidência de que há lixo no genoma.
Agora parece que o pessoal do Discovery Institute quer começar a fugir ao escrutínio dando a entender que não se pode distinguir se as semelhanças moleculares são devidas ao design ou à ancestralidade comum e que não podemos dizer que não foi deus que fez as mutações, porque não conseguimos distinguir uma hipótese da outra (b). Mais uma vez: aquilo que não se pode testar vai para o lixo. E mais uma vez: passámos de “não pode ter evoluído” para “imita processos naturais, por isso não pode ser desmentido”.

Notas:
  1. Eu sei que nalgumas partes repito coisas que já disse noutros textos, mas isso serviu para contextualizar. O importante é o leitor focar-se nas previsões da teoria da teoria da evolução e nas previsões que os criacionistas do D.I. fizeram e não fizeram.
  2.  Pode ser conferido no “Evolution News and Views” (aqui: http://www.evolutionnews.org/2011/06/following_the_evidence_where_i047161.html e aqui: http://www.evolutionnews.org/2011/03/science_article_acknowledges_c045221.html)

Referências:

1. Zh Evol Biokhim Fiziol. 2007 Sep-Oct;43(5):391-7. - Evolutonary modifications of molecular structure of ATP-synthase gamma-subunit, Ponomarenko SV. (disponível aqui: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18038634)
2. Gene. 2006 Apr 26;371(2):224-33. Epub 2006 Feb 7. - Evolution of ATP synthase subunit c and cytochrome c gene families in selected Metazoan classes, De Grassi, A., Saccone, C. et al.

Predação selectiva das borboletas Biston betularia escuras

Lembro-me de me ter sido apresentado no secundário como exemplo da acção da selecção natural o caso das borboletas escuras que suplantaram as claras e depois o oposto, devido á predação por pássaros e á camuflagem que uma cor ou outra lhes conferia (quem não se lembra?). Encontrei um artigo bastante interessante sobre o assunto, com o título «Selective bird predation on the peppered moth: the last experiment of Michael Majerus». A variação de cores nas borboletas Biston betularia tem sido aceite estar sob forte selecção natural. Pensa-se que as escuras eram mais aptas do que as claras por causa da baixa predação nos locais de descanso durante o dia, isto é, nas cascas dos troncos das árvores cheias de fuligem. Estas tornaram-se comuns durante a revolução industrial, mas desde 1970 houve uma reversão rápida, assumindo-se ter sido causada por predadores que caçavam as escura que descansavam na casca com menos fuligem de hoje em dia.
De acordo com os autores do artigo, experiências e observações foram devidamente realizadas por Michael Majerus para resolver as deficiências dos trabalhos anteriores. Majerus libertou 4864 traças na sua experiência de seis anos e observou que houve uma forte predação diferencial por pássaros contra borboletas escuras. A selecção diária contra estas (s 0,1) foi suficiente em magnitude e direcção para explicar o recente declínio rápido das borboletas escuras na Grã-Bretanha pós- industrial (1).

Encontrei também uma revisão do livro «Icons of Evolution», elaborada pelo Dr. Nick Matzke da Universidade da Califórnia, Berkley. Por incrível que pareça nem numa coisa tão simples o criacionista Jonathan Wells, autor do livro, acertou. Este quis implicar que as borboletas estarem a descansar em ramos ou em troncos deita por terra as conclusões principais dos cientistas sobre o assunto. (2) Talvez deitasse se os pássaros estivessem de algum modo proibidos de caçar nos ramos das árvores. Ou o Jonathan Wells é muito burro ou então bateu com a cabeça num ramo de uma árvore pela altura em que decidiu escrever sobre o assunto (eu aposto na segunda hipótese).

Referências:



2. «Icon of Obfuscation: Jonathan Wells's book Icons of Evolution and why most of what it teaches about evolution is wrong», Nick Matzke, 2002 (actualizado em 2004) (disponível aqui: http://www.talkorigins.org/faqs/wells/iconob.html#mothbranch

(Des)complicando a ciência


Selecção de dados: há razões para isso?

Muito falam os criacionistas (na internet são uma praga (a.)) de filtrar dados quando se trata de estudos filogenéticos. Observações do tipo “é melhor para a teoria descartar os dados” ou “filtrar os dados de modo a manter o paradigma” são comuns entre os críticos religiosos e esta verborreia reciclada foi provocada pela publicação na revista Nature de um artigo científico intitulado «Inferring ancient divergences requires genes with strong phylogenetic signals», especialmente por causa disto: «These results (…) argue that selecting genes with strong phylogenetic signals and demonstrating the absence of significant incongruence are essential for accurately reconstructing ancient divergences.» (1)
Mas o que certas pessoas não percebem é que seleccionar os dados não é a mesma coisa que descartar dados para manter o paradigma ou “ajustar dados controversos”. Há razões válidas para que certas características sejam desprezadas num determinado tipo de estudo. Há razões (que nada têm a ver com “manter o paradigma”) para seleccionar o que interessa usar para uma análise filogenética: durante a evolução de um determinado grupo, é comum perceber que características evoluem a velocidades diferentes. Por outro lado, outras características evoluem muito rápido. Esta evolução pode ser tão rápida ao ponto de que a história evolutiva desta característica seja “apagada”. A capacidade de uma característica de reflectir a história evolutiva de um determinado clado é chamada de sinal filogenético. As sequências conservadas são melhores do que sequências que divergiram muito, por exemplo. E evidências da evolução é o que não falta (b.). O que os cientistas querem perceber é as relações exactas entre as espécies.


Notas:

b. Várias são apresentadas aqui, no meu outro blog: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/


Evolução vs hipótese alternativa (criação inteligente)

Quando os cientistas investigaram a origem de certas estruturas biológicas (incluindo aquelas propostas pelos pessoal do Discovery Institute) foram capazes de perceber mais ou menos o que aconteceu. As mutações (e até mesmo a selecção natural) deixam rasto. E nós sabemos que esses processos ocorrem naturalmente em todas as populações de organismos que se reproduzem (até pode ser apenas uma molécula de RNA, desde que esta se replique). Hipóteses evolutivas têm tido bastante poder explicativo em relação a isso. Analisando as evidências podem tirar-se conclusões sobre duplicações, fusões e sobre a maneira como as proteínas podem ter evoluído novas funções (por exemplo). Sendo proposto que uma dada estrutura bioquímica com várias partes tenha, por exemplo, sido o resultado de uma série de duplicações e exaptação, essa hipótese pode ser confirmada ao analisar a estrutura, as semelhanças entre as proteínas, as funções destas e a vantagem evolutiva que determinado estádio possa ter conferido ou não. É de um modo semelhante que os cientistas têm investigado a origem de certas estruturas/sistemas biológicos. A duplicação de genes é a uma das marcas da evolução – genes que se duplicaram e divergiram são uma óptima maneira de evoluir novas proteínas (e isso foi demonstrado experimentalmente). O criacionismo do Design inteligente não tem poder explicativo, além disso encontram-se os sistemas/estruturas tal como seria de esperar se tivessem evoluído, duplicando e modificando proteínas, como os cientistas vêm acontecer quer na realidade quer em simulações. Mas mesmo assim os criacionistas podem dizer que foi o deus deles que fez as alterações ao longo do tempo, mimetizando os processos naturais e passamos do argumento da ignorância do “não pode ter evoluído” (que é era normalmente a base da argumentação dos criacionistas do D. I.) para “imita processos naturais, por isso não pode ser desmentido”. Mas o que se faz a hipóteses não-testáveis e que não servem para explicar nada é descartá-las. O criacionismo do design inteligente não consegue explicar nada e, tal como todas as convicções religiosas há uma certa altura em que vai ter de fugir aos testes da ciência. Um exemplo em que isso acontece é quando afirmam que não se consegue distinguir se as semelhanças são devidas ao design ou à ancestralidade comum. Mas mesmo assim, visto que não é obrigatório ter a mesma sequência para ter a mesma função na maioria dos casos (e há vários exemplos de funções semelhantes, mas com sequências diferentes) e pelo padrão genealógico geral (incluindo os fósseis), ainda é possível escolher a hipótese da ancestralidade comum. Mas já se nota a tentativa de fuga.

Sobre complexidade e informação:

Quanto à questão da CSI (informação complexa e especificada), se adoptarmos o critério probabilístico, qualquer sequência aleatória de 20 aminoácidos corresponde ao limite proposto por Dembski, pelo que, pelo menos nessa perspectiva, não tem grande significado para a causa do design inteligente. Se aplicarmos esse critério á adaptação, teria de ser calculada a probabilidade de uma boa adaptação surgir por processos naturais, incluindo mutações e selecção natural (com um limite de 1/10^120), de acordo com o próprio William Dembski, não estando nada garantido relativamente á “presença” de informação complexa e especificada nos seres vivos. Relativamente a atingir um determinado “pico” adaptativo, é bastante fácil arranjar um modelo em que uma população pode chegar a um pico adaptativo muito elevado através da selecção natural e de mutações, não sendo necessária a acção de um deus ou deuses (2).
Quanto à complexidade irredutível normalmente tem como antecessora a complexidade redundante e pode através desta formar-se um sistema irredutivelmente complexo e várias hipóteses evolutivas têm sido propostas para as várias estruturas e sistemas biológicos e têm sido confirmadas do mesmo modo que exemplifiquei anteriormente (ver “Evolução vs hipótese alternativa”).

Referências:


2.      «Has Natural Selection Been Refuted? The Arguments of William Dembski», Joe Felsenstein - Reports of the National Center for Science Education (Volume 27 (2007), RNCSE 27 (3–4)) (disponível aqui: http://ncse.com/rncse/27/3-4/has-natural-selection-been-refuted-arguments-william-dembski


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os ateus só querem pecar á vontade





Imaginem se as pessoas em vez de usarem pára-quedas deixassem de acreditar no chão e na gravidade e em vez de usarem preservativos deixassem de acreditar na SIDA e na fecundação? E se os ladrões passassem a deixar de acreditar na polícia só para poderem roubar á vontade? Isso até podia ser bom, mas para quem não é ladrão. E sim, os crentes conseguem ser assim tão estúpidos. Imaginem o filme “Sozinho em casa 3” se os ladrões deixassem de acreditar na polícia só para poderem assaltar casas á procura de um chip á vontade. Não teríamos a cena em que a ladra Alice é arrastada pelo cão (nem a parte ridícula em que eles roubam um cão na vizinhança para não dar nas vistas), aliás o filme nem chegaria a essa parte porque eles tinham sido logo presos da primeira vez que o miúdo chamou a polícia. Ou seja, na prática não existiria filme e era menos um motivo para eu me rir quando era criança.

A próxima vez que tiver um trabalho qualquer para fazer vou dizer aos meus professores que já não acredito neles e por isso não posso ter zero no trabalho se não o fizer. 

Na realidade só um ateu muito burro é que escolhia não acreditar em deus só para poder pecar sem ir para o inferno. É que além de não fazer sentido, segundo a Bíblia (ou pelo menos segundo o que diz a maioria dos cristãos), acreditar em deus é um pré-requisito para entrar no céu. Fail. Epic. 


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ciência e religião: O que dizem as estatísticas? (Adenda)

Ciência e religião: O que as estatísticas dizem? (Adenda)

Aqui ficam também dois gráficos relativos às percentagens mundiais correspondentes às várias religiões:


(«Pie chart of the world religions by percentage» de acordo com a CIA (2007).




Como já era de esperar os ateus são uma minoria. De acordo com o primeiro gráfico apenas 2,32% da população mundial são ateus. De acordo com o segundo o gráfico, apenas metade dos não religiosos (incluindo ateus), ou seja apenas 8% da população mundial, não acredita num deus pessoal nem se identifica com nenhuma religião, visto que a outra metade é constituída por teístas. A boa notícia é que, de acordo com o primeiro gráfico, mais de 19,1%, podendo chegar aos 30,9% da população mundial segue religiões não teístas ou que não exigem a crença num deus pessoal.
O primeiro gráfico mostra-nos que 33,3% da população mundial é cristã e o segundo mostra uma percentagem semelhante, sendo que cerca de metade corresponde á percentagem de católicos (primeiro gráfico). Os cristãos correspondem á maior divisão do gráfico (tanto do primeiro como do segundo), seguidos do Islamismo com 21% de aderentes. A percentagem de aderentes a religiões exclusivamente monoteístas é de 55% (primeiro gráfico). Enquanto que as religiões exclusivamente monoteístas são, ainda que por pouco, uma maioria, os cristãos (no seu total) estão longe de o ser, quer queiram quer não.

Nota: Relativamente ao primeiro gráfico:
  1. A categoria “outras religiões” pode incluir o taoísmo, o xintoísmo (que tal como o budismo não exige a crença em deus(es) e traduz-se numa série de rituais relacionados com a natureza), religiões africanas (caracterizadas pela crença em espíritos, incluindo o culto dos antepassados) e nativas americanas (caracterizadas como panteístas), entre outras religiões minoritárias.
  2. O Hinduísmo engloba vários pontos de vista relativos a deus(es) – do monoteísmo ao ateísmo.
  3. A categoria “não-religiosos” pode incluir, por exemplo, agnósticos, panteístas e deístas ou mesmo teístas desde que não se identifiquem com nenhuma religião.
  4. Os Sikhs e os seguidores da religião Baha’i são monoteístas, á semelhança dos judeus, cristãos e muçulmanos.

Ciência e religião: O que dizem as estatísticas?


Neste texto vou abordar as estatísticas que têm sido realizadas relativamente ao tópico "Ciência vs Religião".

Uma pesquisa encomendada pelo grupo BioLogos nos Estados Unidos mostrou que 19 por cento dos pastores evangélicos expressa a crença de que a Terra tem menos de 10.000 anos de idade e que deus criou a vida como é actualmente em seis dias de 24 horas. Trinta e cinco por cento disseram que, enquanto acreditam que deus criou a vida como é actualmente em seis dias de 24 horas, não acreditam totalmente numa Terra jovem. Existe também uma discordância sobre o surgimento da vida. Apesar de muitos pastores defenderem a ideia de que a vida foi criada por deus já como se encontra actualmente, outros defendem a ideia de uma “criação progressiva”, ou de que Deus teria usado os processos de selecção natural para que a vida chegasse ao seu estado actual. 7% estão convictos de que o processo de criação foi progressivo, isto é, eram criacionistas progressivos e 3% aceitavam a evolução, enquanto que dos restantes 23% que se mostraram indecisos, 15% estavam inclinados para aceitar a evolução e 8% o criacionismo progressivo. Resumindo: 61% dos pastores evangélicos são criacionistas.

Nos estados unidos de um modo geral mais de 46% da população acredita no criacionismo da Terra jovem, 38% está dividida entre o evolucionismo teísta e o criacionismo progressivo e apenas 15% deixou deus de fora, ou seja, mais de 46% da população é constituída por criacionistas cientificamente iletrados.  

Relativamente à população conforme as diferentes religiões cristãs, o seguinte gráfico ilustra a situação:





Resumindo: 25% dos evangélicos na totalidade aceitam a evolução e 23% estão divididos entre o evolucionismo teísta e o criacionismo progressivo, com 43% de criacionistas da Terra jovem. Em contraste, 40% dos católicos (quase o dobro) aceita a evolução. Outros 25% estão divididos entre o evolucionismo teísta e o criacionismo progressivo. Reparem que nos Estados Unidos a maioria dos cristãos evangélicos pertence á categoria “Evangelical protestant” e que os fiéis destas Igrejas têm maior probabilidade de serem criacionistas do que os das restantes. É ainda de notar que a probabilidade de ser criacionista da Terra jovem e de não aceitar a evolução aumenta conforme aumenta a regularidade da comparência em serviços religiosos, com 49% de criacionistas da Terra Jovem entre os que se podem considerar praticantes assíduos.

Em contraste, uma esmagadora maioria dos cientistas acredita na evolução (estatísticas apontam para mais de 99% dos cientistas das áreas das ciências da vida e das ciências geológicas e 95% dos cientistas de todas as áreas (até engenheiros).

As estatísticas apontam para que cerca de 90% dos americanos de um modo geral acreditem em deus. Em contraste, estas apontam para que pelo menos 64% dos cientistas de elite sejam ateus ou agnósticos – pelo menos porque os restantes 36% podem incluir panteístas, os quais também não acreditam em deus e deístas, que normalmente na prática são ateus e não acreditam num deus pessoal ou mesmo Budistas ou Taoistas, os quais não seguem religiões teístas. Apesar de todos estes grupos não acreditarem num deus pessoal, as pessoas podem não desejar identificar-se com o ateísmo nem com o agnosticismo.   

A grande disparidade entre a religiosidade do público em geral e da comunidade científica, acompanhada por todas as outras estatísticas indica-nos que existe alguma incompatibilidade entre ciência e religião. E observando como uma funciona e como a outra funciona podemos dizer que sim: a religião parte de pressupostos não demonstrados, enquanto que a ciência procura fazer afirmações apenas com base no que foi demonstrado pelas evidências, além de que todo o conhecimento que tem sido adquirido pelo método científico é contrário ao que afirmam os dogmas religiosos.

Referências:

-          «Poll: Many Protestant Pastors Lean Toward Young Earth Creation», Stoyan Zaimov (disponível aqui: http://www.christianpost.com/news/poll-many-protestant-pastors-lean-toward-young-earth-creation-95751/)

-           «In U.S., 46% Hold Creationist View of Human Origins», Frank Newport (disponível aqui: http://www.gallup.com/poll/155003/Hold-Creationist-View-Human-Origins.aspx

-          SCIENCE, RELIGION, AND SOCIETY: THE PROBLEM OF EVOLUTION IN AMERICA, Jerry A. Coyne, Evolution - Volume 66, Issue 8, pages 2654–2663, August 2012 (disponível aqui: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1558-5646.2012.01664.x/full#b12)

- «Claim CA111» - Index to Creationist Claims, Mark Isaak, (disponível aqui: http://www.talkorigins.org/indexcc/CA/CA111.html)

    - Gráfico: via “Why Evolution is True

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Panteísmo e politeísmo (Adenda)


Apesar do taoismo não ser por si só uma religião politeísta, na china antiga e ainda hoje, veneravam-se também vários deuses (alguns simbólicos e outros não), muitos deles com origem em deuses mais antigos, existindo um deus supremo que tinha uma filha e até mesmo algo semelhante a espíritos – os antepassados e os 8 imortais. Alguns deuses eram imperadores celestiais e outros imperadores - míticos terrenos eram também venerados (existindo mesmo uma imperatriz da Terra, que fazia parte dos 4 imperadores), bem como os imperadores que constam da história da China.

Alguns cristãos querem associar os deuses supremos de outros cultos, incluindo cultos chineses ao deus único deles e para dar apoio a essa ideia afirmam que existia um deus único primordial semelhante ao deus dos cristãos. O pior é que há uma deusa que é ainda mais antiga do que o deus supremo

Panteísmo e politeísmo

Para um panteísta o universo é deus. A palavra “deus” aqui é empregue de forma diferente do que nas religiões teístas – em sentido figurado, como empregue pelo físico Albert Einstein. De acordo com o panteísmo, o universo deve ser venerado como um deus e o ser humano deve estar em harmonia com este.
O politeísmo é o termo que designa a crença em vários deuses - que podem ser entidades reais ou arquétipos, podendo existir aquilo a que se chama politeísmo panteísta ou panteísmo politeísta.
Um exemplo de uma religião com algumas características panteístas é o Taoismo chinês (que influenciou o budismo na Coreia, Vietname e Japão) que enfatiza a vida em harmonia com o Tao.
O tao não transcende o mundo; o tao é a totalidade da espontaneidade ou "naturalidade" de todas as coisas. Cada coisa é simplesmente o que é e faz. Por isso, o tao não faz nada; não precisa de o fazer para que tudo o que deve ser feito seja feito. Mas, ao mesmo tempo, tudo que cada coisa é e faz espontaneamente é o tao (a.). De resto o taoismo tem a ver com "fazer grandes coisas através de meios pequenos", ou seja conseguir coisas com a acção mínima, tem a ver com o modo como as pessoas vivem a sua vida.
Pode-se dizer que o panteísmo é uma visão ateísta do que nos rodeia acompanhada de uma necessidade de venerar o universo em que vivemos, pois um panteísta não acredita num deus pessoal e sobrenatural. (b.) 
Não sendo religiosa, acho interessante explorar os vários tipos de religiões e posições relativamente á religião e ver no que diferem e no que coincidem. Um pouco de cultura só faz é bem.


*Nota: 
a.)Curiosidade sobre o taoismo: O Tao Te Ching traduzido como O Livro do Caminho e da Virtude, é uma das mais conhecidas e importantes obras da literatura da China. Foi escrito entre 350 e 250 a.C. . A sua autoria é, tradicionalmente, atribuída a Lao Tzi ("Velho Mestre"), porém a maioria dos estudiosos actuais acredita que a obra é, na verdade, uma reunião de provérbios pertencentes a uma tradição oral colectiva. 
b.) Panteísmo naturalista (ver última referência). 

Sites consultados:




- “Os cinco pilares do Panteísmo”, Instituição Universo Panteísta (disponível em: http://iup.org.br/artigos/2264/

- "The Pantheist Credo". World Pantheist Movement. (disponível em: http://www.pantheism.net/manifest.htm)  

Top 7 dos criacionistas doidos



O Kent Hovind foi aquele que mais me fez rir. É que não é a teoria da evolução e o Big Bang que são estúpidos – é ele e os seus mitos da idade do bronze que são estúpidos. Entre dizer que toda a matéria e energia estava concentrada numa região muito quente e concentrada e que a partir daí o universo tem-se expandindo e dizer que um deus prepotente disse algo como “expectum existentia” e apareceu tudo o que vemos hoje por magia, o que é mais estúpido? A segunda opção, claro.
Se isto fosse um top 10 eu acrescentaria os seguintes criacionistas à cauda da lista: Ken Ham com a sua maluqueira acerca de crianças e dinossauros, Stephen C. Meyer com “Meyer’s Hopeless Monster” e William Dembski com a maluquice da informação. 

domingo, 6 de outubro de 2013

As mutações deletérias não são assim tão más

Muitos biólogos (não criacionistas) assumem que mutações deletérias são proibitivas para a evolução e por isso não têm em conta os benefícios que esse tipo de mutação pode ter. Weinreich et al. (2006) são um exemplo disso – assumem que as proteínas só podem adaptar-se fixando apenas mutações benéficas. Já Ortlund et al. (2007), descobriram que a epistase (interacção entre os genes) permite às proteínas a evolução de novas funções. 
Atravessar um período em que os indivíduos são menos aptos para se reproduzirem pode permitir que a prole chegue a um ponto em que está em vantagem sobre aqueles que se podiam considerar “bem adaptados” se os custos de passar por isso não forem muito elevados. Pode-se pensar nisso como atravessar um vale entre dois picos (são esses os termos utilizados na literatura científica). Essa ocorrência depende de coisas como a taxa de mutação e a o tamanho da população.
Se não fossem as mutações deletérias, o que eu descrevi anteriormente seria impossível de ocorrer e o processo evolutivo seria menos eficaz. As mutações deletérias afinal até trazem alguns benefícios. Não são assim tão más.
Simulações realistas tendo em conta certos parâmetros foram realizadas e deu resultado (*).
Os criacionistas adoram dizer que os vales são intransponíveis e que a evolução não funciona por isso. Esqueceram-se das queridas mutações deletérias que tanta falta fazem á evolução.



Referências:

-          Weinreich DM, Delaney NF, Depristo MA, & Hartl DL (2006). Darwinian evolution can follow only very few mutational paths to fitter proteins. Science.


-           Ortlund EA, Bridgham JT, Redinbo MR, & Thornton JW (2007). Crystal structure of an ancient protein: evolution by conformational epistasis. Science. 

As não-fraudes da evolução

Os criacionistas têm gritado esta expressão aos quatro ventos, mas esta só se aplica num dos casos que são normalmente apresentados, que é o “Piltdown Man”. Os restantes referem-se a erros e outros ainda nada têm de errado ou de fraude e a acusação é inteiramente baseada em quote mining. Normalmente estas abordagens mal dirigidas são apresentadas ao público em sites de cristãos fundamentalistas*. Aqui vou abordar alguns dos casos que os fundamentalistas mais adoram.

Os desenhos de Haeckel: Haeckel exagerou na representação de algumas das semelhanças presentes em vários embriões que foram comparados por ele num dos seus livros. Mas as semelhanças estavam lá, apenas foram um pouco retocadas nos desenhos do Haeckel. E não em todos nem sequer na maioria. Isso não é fraude. Se eu fizer um desenho daquilo que observo, por exemplo, ao microscópio nunca vais ser igualzinho ao que lá está. Nem se pode dizer que tenha sido feito de propósito para convencer os seus pares de que estes eram parecidos do que na realidade eram, pois os seus outros desenhos que não estavam exagerados já tinham sido vistos pelos seus pares e não seria provável que conseguisse enganar alguém dessa maneira. Mais uma vez, não é uma fraude, é apenas uma representação pouco precisa da realidade que teve muito pouco impacto no consenso científico. A hipótese de Haeckel da recapitulação não está correcta, no entanto (para além de não ter nada a ver com os desenhos) os dados da embriologia apoiam a teoria da evolução («Nada em biologia faz sentido excepto á luz da evolução»).

O Homem de Java: Ocorreu um erro na identificação de um crânio que se pensava ser de um ancestral do homem. De facto tirar conclusões precipitadas tendo poucos dados disponíveis não ajuda em nada o progresso científico. Mas também não é nenhuma fraude. É um erro no processo de investigação. Com o “Homem de Nebraska” e o “Orce Man” passou-se algo semelhante, mas com partes do corpo diferentes.

O Archaeoraptor: Neste caso, o fóssil foi mal montado por quem estava a vendê-lo e não pelos cientistas que o estudaram. Não houve nenhuma fraude, apenas um erro cometido por camponeses pouco instruídos. A partir daí os cientistas têm estado de sobreaviso a respeito dos fósseis que lhes chegam. E vários outros fósseis autênticos têm demonstrado a evolução de dinossauros para aves para além do Archaeopteryx.  

O “Homem de Piltdown”: Ainda que o “Homem de Piltdown” tenha sido uma fraude, da qual não se conhece quem foi o responsável, isso em nada invalida a teoria da evolução. Não consigo entender esta obsessão dos criacionistas em tentar espalhar que certas descobertas em particular são fraudes. É que isso não invalida a teoria. Continuaria a haver montes de evidências reais que dariam apoio à teoria (as quais eu tenho apresentado ao longo dos meus textos. A teoria é aceite porque há evidências que se sabe não serem fraudes e que foram bem estudadas. 



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Afinal o pobre Francisco só queria que os outros meninos deixassem de gozar com ele

Para quem tem acompanhado o meu blog: o criacionista Francisco Tourinho está a dar continuidade ao blog, mas com outro nome. Eu acho que ele fez isso porque queria deixar de ser o bobo da festa. Se o blog dele ficasse "escondido", o pobre do Francisco deixava de ser gozado pelos meninos maus. Mas azar o dele: eu encontrei o blog e (pior ainda) a tal conversa que tanto perturbou o Francisco. Aqui está ela: http://www.blogger.com/comment.g?blogID=6103548286498383937&postID=5529209185578618928. Divirtam-se. É de notar que quando um criacionista começa a enaltecer a sua formação académica e a menosprezar a dos oponentes é porque já perdeu (como aconteceu desta vez nos últimos comentários). 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Etologia

A etologia é o ramo da zoologia que se ocupa do estudo do comportamento animal em condições naturais de um modo geral e em especial do estudo deste á luz da teoria da evolução e o pai da etologia foi Charles Darwin.
Para terem um exemplo do que é estudado em etologia, podem ler o gene egoísta de Richard Dawkins. Dawkins dá vários exemplos de comportamentos vantajosos quando animais vivem em grupo, tal como acontece nos humanos. Um dos que eu mais gostei foi o que abordava a questão de fazermos favores uns aos outros á luz das vantagens evolutivas que isso pode trazer: é que esses favores podem sempre ser recompensados no futuro.
Estou a falar neste assunto porque vai haver um congresso de etologia em Lisboa no Centro Champalimaud nos dias 24 e 25 de Outubro. Eu já me inscrevi (preciso para os créditos de opção) e quem quiser ir ainda se pode inscrever aqui: www.spe2013congresso.com (depois escrevo qualquer coisa sobre o assunto).


Acerca deste blog

Este blog é a continuação do meu velho blog com o mesmo título (ao qual podem aceder se clicarem no link abaixo do título) e vai tratar basicamente dos mesmos assuntos: genética molecular, evolução, microbiologia, e outras áreas da biologia, incluindo paleobiologia, um pouco de filosofia de vez em quando, ateísmo e religião - e isso inclui demolir argumentos criacionistas (e gozar com eles).  
A mudança foi por uma questão de modelo de apresentação.